Prebióticos, probióticos e simbióticos: 

Atualidades e perspectivas na área da nutrição

Estudos sobre os benefícios destes agentes avançam cada vez mais. Os resultados são promissores e revelam efeitos positivos para a prevenção e tratamento de diversas doenças, especialmente as relacionadas ao trato gastrointestinal.

No início do século 20, o pesquisador russo Élie Metchnikoff, intrigado pela alta longevidade dos búlgaros, associou as bactérias presentes no iogurte a possíveis benefícios à saúde. Na época, propôs que bactérias intestinais fossem capazes de produzir agentes nocivos à saúde, e que os microrganismos benéficos contidos nos fermentos lácticos poderiam combater tais toxinas, aumentando a longevidade e prevenindo doenças¹.

De lá pra cá, esse conceito amadureceu, ganhou corpo e, hoje, a ciência reconhece que tais microrganismos constituem um órgão funcionalmente ativo chamado de microbiota intestinal. Frente às claras evidências de que uma microbiótica saudável é essencial para a saúde humana, avançam os estudos na área dos probióticos, prebióticos e simbióticos - os agentes capazes de agir no intestino e promover benefícios.

Probióticos são definidos como microrganismos vivos que, uma vez ingeridos e disponíveis no intestino, atuam no equilíbrio da microbiota intestinal. Já os prebióticos são ingredientes não-digeríveis que estimulam o crescimento e/ou a atividade dos probióticos, criando um ambiente intestinal saudável ao hospedeiro². A combinação de probiótico e prebiótico é denominada simbiótico^3-6.

Estudos realizados na última década demonstram que os agentes - especialmente os probióticos - podem ser usados com eficiência no tratamento de problemas como a constipação, doenças inflamatórias e diarreia aguda^7-9.

Evidências mais recentes têm sugerido, ainda, que os probióticos são capazes de promover outros inúmeros benefícios, como conta o Dr. Aderson Damião, assistente-doutor do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP): “Uma das principais descobertas recentes é o fato de que indivíduos obesos apresentam uma flora intestinal característica que administra de forma inadequada a absorção de nutrientes. Considerada um problema de saúde pública, a obesidade é uma condição clínica da síndrome metabólica que acomete os indivíduos sedentários e pode ser acompanhada de diabetes mellitus tipo 2, esteatose hepática, hipertensão arterial e hiperlipidemia. Diante disso, além da prescrição de dieta adequada, exercício físico, medicamentos para reduzir a glicemia, lipídeos e a pressão arterial, surge a perspectiva de se modificar a flora intestinal com prebióticos, probióticos e simbióticos. Os estudos preliminares mostram interessantes perspectivas no tratamento da esteatose e esteatohepatite. Resta saber o melhor momento para intervir e se é possível contribuir para a prevenção da alteração da flora intestinal”.

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